Eu gosto de escrever, e sempre acho textos antigos que não cheguei a publicar nos blogs, esse é um deles, um texto de quando o Tony ainda trabalhava de noite, ou seja, de 2014. Mas é legal relembrar :


Eu trabalho em casa, como todos sabem. Consegui controlar minha rotina de dormir e acordar cedo, inclusive, tive uma ajuda muito especial para isso.

No momento em que abro os olhos com a claridade da janela me alcançando, tiro forças para enfrentar o frio que ultimamente tem feito por aqui e pular da cama. Jogo os travesseiros na cômoda, estico o lençol e as cobertas deixando o quarto igual de comercial de moveis. Antes eu pensava... “ pra que arrumar? O marido logo chega e revira tudo para dormir...” mas descobri que o engate inicial do meu dia está em ver meu quarto arrumado.

Vou para o banheiro fazer minhas higienes, aproveito para trocar de roupa que deixo penduradas no cabide atrás da porta e no lugar da roupa do dia, eu coloco a roupa da noite. Pego o celular do criado e desço para a cozinha preparar aquele ligeiro cafezinho preto. Enquanto a água esquenta eu pego minha mini-jabuticabeira para tomar banho de sol depois de alguns golinhos de água. Abro as janelas deixando a brisa fria saudar o corredor até se retirar pelas janelas do fundo.

Brinco com a cachorra e faço careta para olhar o sol.

Com menos de vinte minutos fora da cama eu estou tomando meu café correndo o canais na televisão, habito que quase perdi da casa dos meus pais, e, toda vez que me pego assistindo as primeiras noticias do dia, lembro da minha mãe me acordando de manha para ir à escola enquanto ela se maquiava em frente ao espelho ouvindo a mesma programação na tv, papai é que preparava o café e retirava o lixo durante a longa espera de uma mulher se arrumando.

Lembro disso e sorrio, sinto saudades, quando estou no meu período sentimental, eu até deixo escorrer uma lagrima. Lagrima de uma lembrança feliz.

Não sinto que já tomei toda a caneca de café, me animo: é hora de trabalhar! Subo para o escritório, ligo o computador e espero, no celular já vejo as atualizações dos amigos através das fotos e escolho a playlist do dia, algo animado.

Quando tem trabalho eu trabalho, quando não tem eu vejo cursos e vídeo aulas.

O marido chega, paro tudo que estou fazendo para ir recebe-lo. Trabalhar de noite é cansativo. Pego o café e preparo panquecas, não todos os dias, as vezes eu revejo com um pão na chapa. Pergunto como foi o seu dia, alias, como foi sua noite. Ele me conta as novidades e durante sua refeição, eu estou no café.

Ele precisa dormir. Antes disso fizemos um trato. Vamos Orar!

Ajoelhamos juntos no chão da sala de frente para o sofá e com as mão juntas clamamos e lembramos de toda a família e amigos, TODOS, sem exceção. Inclusive forçamos a mente para lembrar de uma enorme família distante.

Amém!

Ele sobe pra dormir, eu subo para trabalhar. Enquadro o quadril na cadeira quadrada do escritório ajustando o relógio para daqui quatro horas levantar.

Tec tec tec do teclado, click click click do mouse, a cadeira geme com o movimento de vai e volta da perna balançando ao som da musica. Eu mal vejo a hora passar mas felizmente o trabalho está pronto, aviso o cliente e começo fazer o upload dos arquivos.

Com muito cuidado entro no quarto e sussurrando pergunto para o benzinho se ele quer almoçar. Quando ele não está com fome é melhor. Faço algo rápido apenas para eu comer enquanto vejo a cachorra da janela. Quando ele quer comer eu boto o avental e preparo arroz, feijão, salada e uma carne.

Mais um café por favor.

Eu volto para o trabalho que está apenas alguns lances de escadas. O marido cuida dos bichos e fica vendo tv até pegar no sono novamente.

O tempo na frente do photoshop não existe, ele se movimento com a velocidade da luz. Eu amo o que faço. O dia não existe mais, já são seis horas, quase noite.

Me permito acabar com isso, desligo o computador, vou para a cozinha e boto algo para cozinhar. Ligo a Tv coloco uma musica, tomo um banho rápido e me arrumo para jantar com o marido com uma mesa posta de maneira linda. Não deixamos o romance sumir da casa.

É nosso momento. Jantamos e limpamos a cozinha juntos. Nos acolhemos no calor do abraço na frente de um seriado e ficamos assim até o momento que ele tem que partir para seu emprego.

Assim que ele sai, eu volto a me ajoelhar. Nunca pensei que eu teria tanta coisa para falar pro Pai. Agradeço por cada detalhe do meu dia, que mesmo não sendo emocionante é simples e necessário. “...somente o necessário, o extraordinário é demais...” só precisamos disso. Saber que estamos e ficaremos bem, que teremos amigos e família para dividir e compartilhar uma boa conversa com um café preto.

Amém!

Os joelhos até doem, mas, a cabeça, assim que encosta no travesseiro... Apaga...

Antes eu dormia com o peso dos meus problemas e preocupações. Hoje eu entrego nas mãos do Homem que nunca dorme, e ele cuida disso por mim enquanto descanso. 

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